OS CINCO SENTIDOS E A INICIAÇÃO MAÇONICA
Cinco são os dedos de nossa mão
Com cinco pães Jesus alimentou os famintos
E com o mesmo cinco
Ferimos com chagas o corpo de Cristo
Tato, olfato, visão, audição e paladar
Esses são os cinco sentidos
Com eles vemos e sentimos o mundo
E momentos únicos são percebidos
Como em nossa iniciação
Partindo pela câmera das reflexões
Onde a audição era podada
Para que ficasse em meditação
A penúria era quebrada por uma lâmpada
E a visão contemplava um aspecto aterrador
Um crânio, uma ampulheta e um galo
Junto de frases que me fazem pensar “quem eu sou?”
De repente meus olhos foram completamento cobertos
E com uma venda a reflexão foi incitada
Um irmão me guiou até a porta do templo
Que profanamente bati de forma descompassada
E logo meus sentidos me permitiram ouvir uma resposta
Ao sentir no peito repousar a ponta de uma espada
Era o irmão cobridor que empunhava a arma
Questionando por que forçava a entrada
Após o irmão primeiro experto me franquear o ingresso
Meu nome, pátria, endereço e profissão ouvi pronunciar
Após demonstrar ser livre e de bons costumes
Frente ao irmão segundo vigilante vim a ajoelhar
No mais profundo silêncio
Rumo ao altar eu fui acompanhado
E beber da taça sagrada
Então eu fui convidado
Meu paladar sentiu um sabor doce e suave
Que simbolizava os prazeres da vida que devemos gozar
Mas de repente o doce se fez amargo...
Me lembrando a moderação que devo exercitar
Provei da boa e da má sorte
Em instantes o remédio em veneno se transformou
Assim são as virtudes transformadas em vício
No homem que a paixão dominou
Em um banco me sentei
Convidado a refletir
Sobre os motivos que levaram
A de fato estar ali
A uma primeira viagem o irmão experto me acompanhou
Percorri um caminho difícil, cheio de obstáculos por
diante
Alterando-se o silêncio e o rumor do trovão
Que só cessou no altar do segundo vigilante
Quando achei que a primeira viagem tinha findado
E que em segurança acreditava estar
Bruscamente sinto o malhete em meu peito
E “Quem vem lá” escuto perguntar
É um candidato à Arte Real honrosamente recomendado
Por ser livre e com bons costumes proceder
É por essa loja foi regularmente proposto e aprovado
Assim ouvi o irmão primeiro experto responder
“Passai, homem livre e de boa reputação!”
Ouvi o irmão vigilante minha passagem autorizar
Mas para uma segunda viagem
Com o irmão terrível teria que passar
Desta vez um terreno mais plano meus pés tatearam
Mas o tinir das espadas permeavam minha audição
Foi quando senti novamente
o malhete em meu peito
Era o irmão primeiro vigilante questionando minha
reputação
Após ser justificado pelo irmão primeiro esperto
O irmão me permitiu passar por diante
E minhas mãos no mar de bronze
Senti serem limpas naquele instante
Mas eis que uma terceira viagem
Meus sentidos tiveram que experimentar
Desta vez sem obstáculos ou ruídos
Até o malhete pela terceira vez em meu peito recostar
Era no altar do venerável mestre
Que dessa vez eu me encontrava
E foi por três vezes que na prova do fogo
Eu tive minhas mãos purificadas
Então a desventura das viagens terminou
Com um juramento em favor da aceitação
Ajoelhado diante do livro da lei
Com o compasso apontado para o meu coração
Jurei sincera e solenemente
De livre e espontânea intenção
Guardar os augustos mistérios
Dessa sublime ordem com devoção
E após o terceiro golpe de malhete
A cegueira chegou ao fim
Minha visão recebeu a luz
E vi toda a ordem diante de mim
A minha visão foi dada à luz material e espiritual
Com meu olfato o cheiro das flores senti por um
instante
A minha audição o hino do triunfo
E a batida na lâmina da espada flamejante
Ao meu tato à investidura do avental de aprendiz
As luvas que simbolizam a pureza
A transmissão dos toques, gestões e palavras
E três abraços de sabedoria, força e beleza
Por fim no meu paladar ficou o sabor do ágape
Não só do alimento que é oferecido
Mas pelo gosto de me tornar um novo homem, um maçom!
E pelos meus irmãos com tal ser reconhecido
Belo Horizonte – MG, 19 de setembro
de 2023
A ∴ R ∴ L ∴ S ∴
Cinco de Junho II Nº 378
Referência bibliográfica:
Ritual: Rito Brasileiro / Grande Oriente do Brasil – São
Paulo, 2009.
Camino, Rizzardo da, 1918 – Simbolismo do Primeiro Grau:
Aprendiz – 9. Ed. – São Paulo: Madras, 2022.
D’ Elia Junior, Raymundo. Maçonaria : 100 Instruções de
Aprendiz – São Paulo : Madras, 2019.
Blanc, Claudio. Maçonaria de A a Z – Barueri, SP :
Camelot, 2022.
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