MARCHA DO APRENDIZ
Como neófito nos Mistérios da Arte Real, e com base em Conceitos dos Orientadores (Escritores) Maçônicos, poder-se-ia dizer que o recipiendário (neófito) é aquele que acabou de receber o ‘batismo’, tornando-se recém convertido, ou recém-admitido, em uma Corporação, Ordem ou Sociedade.
A palavra neófito tem sua origem no grego Neóphytus e no latim Neophytu, chegando a estes dias com a significação de planta nova, talvez sua melhor interpretação.
Uma planta nova em que há pretensão de bem ser cultivada, necessita de dedicação e muitos cuidados, pois é preciso ser alimentada, adubada e regada, e de modo análogo, o Aprendiz Maçom, ao terminar suas viagens iniciáticas, assim também deve ser orientado.
A partir deste momento, as Portas do Templo, até então cerradas e proibidas ao candidato, estarão franqueadas e começam a se abrir, surgindo as Luzes, e o neófito renasce para a Nova Vida.
Essa Iniciação Verdadeira é única no tempo, espaço e Rito, apesar dos costumes sociais e étnicos dos integrantes, por vezes, serem completamente diferentes.
Caberia destacar que a Consagração Ritualística de um novo Maçom, é um Ato de Criação que procede de uma vontade, a do Ven∴ M∴, que pelos poderes que lhe são conferidos, age em nome da Maçonaria por intermédio de uma vibração sonora, traduzida pelas 3 (três) pancadas que são dadas pelo Ven∴ M∴ com o M∴ sobre a E∴ F∴.
A nova criatura nasce, e os efeitos salutares dos eflúvios que saindo da Espada, a atravessam, devem constituir a nova impregnação a penetrar no neófito.
Mesmo que, dentre outras definições, Iniciado significa dizer colocado no caminho, o verdadeiro Maçom sincero, aprende que quando se tornar C∴ ou M∴, e se tiver sede de saber e for perseverante, ainda poderá se sentir como um eterno Apr∴, isto é, que apesar de sua evolução nos Mistérios da Ordem, ainda assim buscará a Verdade munido simbolicamente com os atributos e instrumentos correspondentes aos AApr∴.
Pela liturgia da ritualística iniciática maçônica, o profano, recipiendário, candidato ou neófito, ao receber a Luz presta seu Juramento e é Consagrado tornando-se A∴ M∴, e nessa nova condição deve:
- Romper sua casca mental;
- Fugir do racionalismo;
- Esterizar-se, e;
- Atingir a transcendência.
Ciente de que, apenas e tão somente após o rompimento dessa casca ou invólucro, é que se torna possível seu acesso à Verdadeira Iniciação.
Simbolicamente, o rompimento da casca corresponde ao desbastamento da Pedra Bruta, que representa as imperfeições do espírito, do coração e da alma, que o Maçom deve se esforçar para corrigir.
Na Iniciação – sinônimo de um novo nascimento -, o Apr∴ reencontra o estado da natureza, e liberta-se de tudo que a sociedade impingiu de artificial, ruim e incorreto.
E ainda reencontra o equilíbrio, a espontaneidade e volta-se para o bem, além do principal, isto é, reencontra a Liberdade de Pensamento, e com os instrumentos que são oferecidos – Maço e Cinzel -, desbasta ele próprio sua Pedra Bruta, procurando deixar perfeito e imprimindo-lhe um caráter de personalidade que será único e exclusivamente seu.
O primeiro contato do candidato, que aspira receber a Luz com a Simbologia Maçônica, será sempre na C∴ das R∴.
Mesmo em estado de total ignorância de tudo que está a sua volta, torna-se um participante imprescindível do Ato de maior importância da Maçonaria que é a Iniciação, pois, incontestavelmente, é sempre através desse Cerimonial Litúrgico que a Ordem se renova, se fortalece e se perpetua.
Na C∴ das R∴ o Aspirante encontrará diversos símbolos maçônicos, e estará separado do Mundo por instantes em uma cela minúscula, dispondo apenas de material de escrita, mesa e cadeira, enquanto nas paredes haverá inscrições que conduzem à meditação.
O candidato não se apercebe, mas, é seu momento supremo no Cerimonial Iniciático, quando estará na fronteira entre a vida anterior e a vida de Maçom, estando por indução ou vocação, determinando:
- ‘A morte do Profano existente, e o nascimento de um Ser Iluminado’.
Pode-se depreender que começa aí o novo aprendizado, pois após suas viagens s∴, compromissos e juramentos, o neófito recebe a Luz tornando-se um Apr∴ Orientado, momento em que aprende a soletrar as Primeiras Palavras, e são ensinados os Primeiros Passos no Novo Caminhar, quando então também toma consciência de que é a Arte Real, também designada à construção do Templo Ideal, o principal objetivo da Maçonaria.
Tal como todos os demais integrantes da Instituição já realizaram, seus Primeiros Passos, o Novo Caminhar ou a M∴ do Apr∴, têm início na P∴ do T∴ em direção única do Ocidente para o Oriente, no eixo da Loja, por 3 (três) p∴ completos com os p∴ em e∴, simbolizando a necessária e obrigatória retidão de conduta, que a partir de então deverá para sempre nortear sua Nova Vida.
Assim, o P∴ P∴ da M∴ do Apr∴ simboliza sua Luta, sabedor que é representado pelo Cordeiro, animal símbolo do ardor e da coragem, demonstrando a disposição que deve ter o Apr∴ para dedicar-se aos conhecimentos de seu Grau.
O S∴ P∴ simboliza a Perseverança, indicando que o Maçom deve ser forte e trabalhar com prudência, mas sem temor.
E o T∴ P∴ simboliza a Fraternidade, sendo considerado como o símbolo da Amizade e União, que deve aglutinar todos os Maçons.
Completado o T∴ P∴, o Apr∴ chega vitorioso dos esforços que empregou, mais distanciado das trevas e iniquidades da sociedade profana.
Então descobre que a Marcha representa os dotes que devem distingui-lo na sua Iniciação, a saber, S∴, F∴ e B∴, e ainda que os Passos representam também o Nascimento, a Vida e a Morte, correlacionados com as provas físicas a que se submeteu no Cerimonial Iniciático através das primeira, segunda e terceira viagens simbólicas.
Pode-se concluir que a M∴ do Apr∴ revela a firme decisão de caminhar sempre do Ocidente para o Oriente em busca da Luz, e ter a consciência de que ao executá-la reafirma sua decisão de se aperfeiçoar moralmente, andando, como jurou, pelo caminho da Virtude e da Perfeição, procurando constantemente sua própria Iluminação e Evolução Espiritual.
Finalmente, combinando a M∴ com os S∴, os Apr∴ reafirmam seus ‘juramentos ritualísticos’, e em complementação, ‘juram’ novamente jamais esquecer as razões da existência e perenidade da Sublime Instituição a que pertencem!
A∴ M∴ HUGO MATEUS DE SOUZA CORDEIRO – CIM 25511
Belo Horizonte 2023
A∴ R∴ L∴ S∴ CINCO DE JUNHO II – Nº 378
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JUNIOR, Raymundo D´Elia. Maçonaria: 100 Instruções de Aprendiz – 9. ed. – São Paulo, 2019, Madras.
GRANDE ORIENTE DO BRASIL. Ritual do 1º Grau: Aprendiz-Maçom do Rito Brasileiro – São Paulo, 2009.
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